Kaimoku-sho (Abertura dos olhos) parte 9
No Confucionismo, existem mais de 3000 rolos de textos e as divindades cultuadas são os três imperadores, os cinco monarcas e os três reis. Essas são resumidamente às três doutrinas arcanas; o arcano da existência pelo Duque de Zhou (周公旦), o arcano da inexistência por Lao-tse (老子), o arcano da existência ou inexistência por Zhuang-zi (荘子). O arcano da não existência é a ideia de que o fenômeno é apenas uma materialização temporária. Por outro lado, o arcano da existência é a ideia de que o fenômeno é importante. O arcano da existência ou da não-existência é a ideia que equilibra ambas. Embora digam “arcano”, é ambíguo como alguns filósofos da atualidade que dizem que a entidade do universo é incompreensível, e que a incompreensibilidade não deve ser ultrapassada. Por isso, Nichiren Shonin comenta: Embora digam que se trata de uma profundidade arcana ou misteriosa, eles não sabem nada sobre a vida passada ou a vida futura. Eles não sabem sobre a vida, a sorte, ou o destino da pessoa. Não sabem porque há pessoas felizes ou infelizes. Dizem “naturalmente” ou “acidentalmente”, mas não sabem porque é que os bons morrem jovens ou os maus prosperam. Dizem que se deve confiar no acaso como “O cão que trota encontra um osso”, porque não sabem dizer a razão. Então, dizem apenas que é o destino ou que se deve desistir. Embora preguem os caminhos do Céu, dizendo que é a providência do Céu, a autoridade do Céu é ambígua. Portanto, Confúcio (孔子) gostava de ver a adivinhação da vontade do Céu usando a iconografia chamada bagua (八卦) no final da vida. No entanto, a adivinhação é um jogo de erro e acerto.
Os sábios e os santos não conhecem o passado nem conseguem ver o futuro. É o mesmo que uma pessoa comum não conseguir ver as suas costas ou que uma pessoa cega não conseguir olhar para a frente. Eles só conhecem o presente e dizem que é preciso ter as virtudes da humanidade e da justiça para se proteger e para tornar o país pacífico. E dizem que, se assim não for, destruirá toda a sua família. Se gerires uma casa e tiveres o dever filial, mantendo firmemente as cinco virtudes ‘benevolência, justiça, cortesia, sabedoria, sinceridade’, serás respeitado pelos colegas e se tornará famoso no país. O rei te dará um tratamento favorável e poderás vir a ser seu professor. No entanto, se não conhecerem o passado nem o futuro, não poderão salvar os pais. Nichiren Shonin critica essa postura e diz que são pessoas ingratas, não são sábios nem santos. Nos países do confucionismo, como a Coreia e a China, como as pessoas não entendem a verdade da filosofia e a questão da vida, como a vida infinita e a grande vida do universo, elas choram muito quando seus pais morrem. Se quiserem chorar mais, chamam uma mulher profissional e choram em conjunto. No entanto, no budismo, praticam-se os méritos e oferecem-se esses méritos a uma pessoa falecida, ou espalha-se os méritos no mundo em retribuição aos favores dessa pessoa. Nichiren Shonin disse que o confucionismo é um excelente ensinamento desde que tenha uma conexão com o budismo, mas o confucionismo perderá seu valor se se voltar contra o budismo. Por isso, Nichiren Shonin refere-se a Confúcio que disse: “Não há sábio e santo. O Buda do Ocidente é o único santo verdadeiro”, e disse que o confucionismo foi o primeiro portão para o budismo como uma entrada ao budismo.ㅤ
Por Reverendo Sinyou Tsuchiya